Um dos consultores do Eurogarden Maringá é o maringaense Edson Yabiku. Ele
se formou em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal do Paraná em
1988 e se tornou cidadão do mundo. Morou em Tóquio e trabalhou por três anos
para a empreiteira Obayashi Corporation. Mudou-se para Londres e trabalhou na Foster
+ Partners por 25 anos. Hoje é Head of Architeture da Urban-Air Port, que atua
na fabricação de componentes de aviação e aeroespaciais.
Yabiku participou dos projetos da Masdar Institute e Central Market Souk,
em Abu Dhabi; e The Index em Dubai. Ele também assina o projeto do menor
aeroporto do mundo, para drones, em Coventry, no Reino Unido. O Eurogarden
Maringá também terá seu aeroporto de drones. A seguir, Edson Yabiku fala sobre
o mais novo bairro de Maringá que, segundo ele, se enquadra no conceito de novo
urbanismo mundial na medida em que privilegia as pessoas e a
sustentabilidade.
Por que o senhor diz
que o Eurogarden Maringá se enquadra no novo urbanismo?
O Eurogarden se
enquadra neste novo urbanismo porque aqui podemos andar, aproveitar a brisa, a
sombra e os passarinhos. A sustentabilidade está embutida na ideia, no sonho.
Com certeza, o bairro é um exemplo pra qualquer cidade. E tem uma
característica muito interessante, pois o Eurogarden é, antes de mais nada, um
retrofit, já que está utilizando o espaço de um aeroporto antigo.
Quais os fatores que o
senhor destaca como diferenciais do bairro dentro deste novo conceito de urbanismo?
Um dos aspectos que
estou presenciando com grande felicidade é o carinho que o desenvolvedor tem
pelo lugar. Tem também o sonho de fazer certo, de fazer bem e criar um legado
para o futuro. Um diferencial que está muito evidente é a sequência. O Eurogarden
começa pela vida. Por meio dos eventos que estão sendo organizados, as pessoas
estão sendo atraídas para visitar o lugar. Para que isso aconteça, foram
introduzidas as árvores, pavimentações, o paisagismo, a vida em si. E cria-se o
lugar, que são as pracinhas, os campos abertos e árvores frondosas. Por fim,
vem as edificações. Nesta sequência o empreendedor consegue atingir um bom
planejamento.
O mercado está
preparado para receber os bairros inteligentes?
Todos querem contribuir
positivamente para o meio ambiente. Muitas vezes precisamos de um guia, um
caminho para seguir. E o Eurogarden é o caminho. Todos querem viver melhor,
feliz, sem afetar negativamente a vida dos filhos e netos. O Eurogarden mostra
que é possível fazer e que vale a pena. Muitas vezes as pessoas não têm opções para
morar melhor e com baixa pegada ecológica. Aqui está sendo aberto um leque de
opções. A demanda está pronta e o Eurogarden é a oferta. Uma oferta como essa é
um sinal de respeito ao consumidor. Este procura qualidade para que o filho e o
neto usufruam.
A partir do momento em
que o mercado recebe um empreendimento como o Eurogarden, isso muda
conceitos/comportamentos?
Adoro ver este processo
acontecendo aqui no Eurogarden Maringá. Estamos conversando em um dos jardins
do bairro, sem preocupação com uso de máscaras e distanciamento, e sou muito
grato por isso. O espaço físico que proporcione esta possibilidade de conexão é
essencial. O papel principal de um planejador urbano é criar este espaço e, ao
redor dele, instalar as edificações.
Quais são, na sua
visão, os principais benefícios de um bairro como o Eurogarden para Maringá, o
Brasil e para o planeta? Um dia poderemos falar em Maringá “antes” e “depois”
do Eurogarden?
O Eurogarden oferece
uma plataforma, uma oportunidade e um guia para que as pessoas possam viver de
maneira feliz, sustentável, menos consumidora. Ele dá, novamente, a
oportunidade de as pessoas brincarem com os filhos fora de suas casas, sob as
árvores.
No viveiro do
Eurogarden eu me emocionei com um pé de limão taiti. Cheirando a folha, fui
levado para os meus cinco anos, na casa dos meus pais. Eu não sabia que eu
tinha essa memória. Alguma coisa aconteceu naquele viveiro. No Eurogarden, as
pessoas vão descobrir coisas que elas não sabiam. Esse contato com a natureza,
com ar puro, o espaço aberto protegido, menos carros, mais pessoas, mais
pedestres, isso é um atrativo muito bom e é uma necessidade do ser humano.
Jan Gehl, urbanista
dinamarquês, costuma falar que a gente consegue enxergar a segurança de uma
cidade quando vê muitas crianças nas ruas. Queremos ver, aqui, muitas crianças
brincando nas ruas, subindo nas árvores, de maneira segura.
É um empreendimento de
uma escala que faz diferença. Um distrito novo que pode gerar uma melhoria dos
hábitos dos seus moradores, das pessoas que visitam e daquelas que desenvolvem
projetos similares. Essa melhoria dos hábitos é um legado que já está sendo
plantado aqui. Acredito que esta é a visão do Eurogarden, deixar um legado para
as pessoas que virão.
Maringá é uma cidade
planejada. Como o senhor vê a evolução do espaço urbano nas últimas décadas? O
que falta para que Maringá possa ser considerada uma cidade inteligente?
Nasci em Maringá. Nasci
com as árvores, brincando com as árvores, os pássaros. O que é uma cidade
inteligente? Não é necessariamente a cidade que tem tecnologia. Ela é formada
por pessoas inteligentes. E Maringá tem uma sociedade civil que se organizou
muito bem. Está um passo a frente de muitas outras. Falta pouco para que ela
seja inteligente. O que ressalta para mim é a dor de ver as árvores em formato
de y porque tem a fiação aérea passando no meio. Seria inteligente se
pudéssemos criar uma ferramenta para modificar a fiação de forma sustentável e
proteger as árvores. Afinal, sem as árvores, Maringá não é Maringá.